quarta-feira, 1 de junho de 2011

Ação da Pastoral da Criança contribui para melhoria da saúde infantil, reconhece estudo

As ações preventivas de saúde e nutrição das crianças pobres realizadas pelos voluntários da Pastoral da Criança estão entre os principais programas e iniciativas que contribuíram para melhorar a saúde infantil no Brasil, nas últimas três décadas. O reconhecimento é confirmado no artigo “Saúde de mães e crianças no Brasil: progressos e desafios”, do professor Cesar G. Victora, da Universidade Federal de Pelotas (RS) e outros autores, que integra a série Saúde no Brasil, publicada online este mês pela revista The Lancet.
A saúde e a nutrição das crianças brasileiras melhoraram rapidamente a partir dos anos 1980, avalia o estudo. Além do crescimento econômico, urbanização, e evolução para o sistema de saúde único, contribuíram para elevar os indicadores nesta área os programas voltados para a saúde materna e nutrição infantil. A primeira Meta do Milênio (redução pela metade do número de crianças subnutridas entre 1990 e 2015) já foi alcançada. A Meta número quatro (redução de dois terços dos coeficientes de mortalidade de crianças menores de 5 anos) provavelmente será alcançada dentro de dois anos, prevê os autores.
De acordo com o artigo, entre mais de 50 programas e iniciativas para melhorar a saúde infantil, sua fonte de dados aponta que os melhores efeitos foram atribuídos “a programas específicos (promoção de imunização, amamentação e alojamento conjunto) e a melhorias no acesso aos cuidados preventivos e curativos de saúde, incluindo o SUS, o Programa de Agentes Comunitários de Saúde e a Pastoral da Criança.”
Este é mais um reconhecimento ao trabalho promovido pela Pastoral da Criança e seus voluntários, frisa Clóvis Boufleur, gestor de relações institucionais da entidade. Em sua missão de promover o desenvolvimento integral das crianças pobres, da concepção aos seis anos de idade, a Pastoral da Criança vem alcançado resultados concretos. “A mortalidade infantil, entre as crianças acompanhadas pela Pastoral da Criança, é de 9,5 óbitos no primeiro ano de vida para cada mil nascidos vivos, muito abaixo da taxa nacional divulgada pelos órgãos oficiais”, observa Boufleur.

Síntese do artigo “Saúde de mães e crianças no Brasil: progressos e desafios”
"Nas últimas três décadas, o Brasil experimentou sucessivas transformações nos determinantes sociais de doenças de saúde materna e de saúde e nutrição infantil. São utilizados dados de estatísticas vitais, censos populacionais, inquéritos de demografia e saúde e publicações obtidas de diversas outras fontes.
Nesse período, os coeficientes de mortalidade infantil foram substancialmente reduzidos, com taxa anual de decréscimo de 5,5% nas décadas de 1980 e 1990 e 4,4% no período 2000-08, atingindo vinte mortes por mil nascidos vivos em 2008. As mortes neonatais foram responsáveis por 68% das mortes infantis. Déficits de altura entre crianças menores de 5 anos diminuíram de 37%, em 1974-75, para 7% em 2006-07. As diferenças regionais referentes aos déficits de altura e à mortalidade de crianças foram igualmente reduzidas.
O acesso à maioria das intervenções de saúde dirigidas às mães e às crianças foi substancialmente ampliado, quase atingindo coberturas universais, e as desigualdades regionais de acesso a tais intervenções foram notavelmente reduzidas. A duração mediana da amamentação aumentou de 2,5 meses nos anos de 1970 para 14 meses em 2006-07. Estatísticas oficiais revelam níveis estáveis de mortalidade materna durante os últimos quinze anos, mas estimativas baseadas em modelos estatísticos indicam uma redução anual de 4%, uma tendência que pode não ter sido observada nos dados de registro devido às melhorias no sistema de notificação de óbitos e à ampliação das investigações sobre óbitos de mulheres em idade reprodutiva.
As razões para o progresso alcançado pelo Brasil incluem: modificações socioeconômicas e demográficas (crescimento econômico, redução das disparidades de renda entre as populações mais ricas e mais pobres, urbanização, melhoria na educação das mulheres e redução nas taxas de fecundidade); intervenções externas ao setor de saúde (programas condicionais de transferência de renda e melhorias no sistema de água e saneamento); programas verticais de saúde nos anos 1980 (promoção da amamentação, hidratação oral e imunizações); criação do Sistema Nacional de Saúde (SUS), mantido por impostos e contribuições sociais, cuja cobertura foi expandida apar atingir as áreas mais pobres do país por intermédio do Programa de Saúde da Família, na metade dos anos 1990; e a implementação de vários programas nacionais e estaduais para melhoria da saúde e nutrição infantil e, em menor grau, para a promoção da saúde das mulheres.
Apesar dos muitos progressos, desafios importantes ainda persistem, incluindo a medicalização abusiva (quase 50% dos nascimentos ocorrem por cesariana), e alta frequência de nascimentos pré-termo."
 Fonte: Saúde no Brasil 2, série de seis fasciculos em Saúde no Brasil, publicado pela revista The Lancet (download.thelancet.com/flatcontentassets/pdfs/brazil/brazilpor2.pdf)

tirado de pastoraldacrianca.org.br

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